PRESENÇA
Opção metodológica: estar presente
Estar presente não é apenas cumprir horários em determinados espaços geográficos e fazer belos relatórios. Estar presente, lá onde a vida é negada, é um fato educativo de valor inestimável, pois reconhece a dignidade dos pequenos e educa a sociedade para que deixe de lado preconceitos e mentiras e promova à vida. A presença é de fundamental importância, pois possibilita identificar uma rede de relações, um imaginário, uma dinâmica de sobrevivência física, psíquica, afetiva que precisa ser descoberta. A metodologia da presença deve provocar um tríplice impacto nos meninos e meninas que, sentindo-se valorizados, avançam no desenvolvimento; no educador (a) que crescem em estatura e dignidade como seres humanos e como filhos de Deus; na sociedade, que é convocada a abrir-se diante do outro e conceber suas estruturas sociais como instrumentos provisórios e modificáveis em vista da garantia das condições fundamentais de vida para as maiorias.
- A presença do educador no processo socioeducativo
- A presença da família
- A presença do estado
- A presença da criança e adolescente na comunidade
DIÁLOGO
Metodologia do diálogo: uma vivência que transforma
O diálogo não é apenas uma forma de encaminhar conflitos de convivência internos ao programa socioeducativo. Diálogo é uma forma de estar presente fazendo brotar a palavra onde a realidade está calando os seres humanos. O diálogo é a chave. Ouvir e falar com os pequenos é bem diferente de falar com eles. Falar-lhes simplesmente, é muitas vezes uma forma de não ouvi-los, é ter a primeira, a última, a única palavra. Falar com ele implica colar-se sem prepotência, disposto a descobrir a se arriscar. Quando os pequenos tem sua palavra e ela ganha um sentido no acontecimento educativo, há avanço importante na qualidade do processo. Experiência-se uma forma de viver na sociedade, muito diferente das relações de competição que marcam também relações chamadas educativas.
- No processo socioeducativo
- Na interação com a comunidade
- Na interação com o estado
- Nas interações sociais (grupos)
- Diálogo e família
- Na mediação de conflitos
EDUCAÇÃO SOLIDÁRIA
Metodologia comunitária: um projeto de educação solidária
A grandeza da solidariedade começa por estabelecer as possibilidades de vivencias comunitárias em pequenos grupos. A dimensão comunitária, que leva a partilha, à gratuidade, vencendo o egoísmo a competição e a exclusão, requer atividades em pequenos grupos onde todos os participantes possam ouvir, falar, discutir as propostas, apontar encaminhamento, experimentar e avaliar. Atividades em grupo favorecem a fraternidade. Assim, o projeto socioeducativo estimula a sensibilidade, respeito diante das dificuldades dos companheiros, a indignação e compromisso transformador diante das pequenas, das grandes e por vezes duradouras injustiças.
- “Para você me educar precisa conhecer o meu mundo”
- Limites, potencialidades e possibilidades
- Fortalecimento da identidade cultural das crianças e adolescentes
- Integração do grupo
- Valorização da pluralidade e singularidade
ESPÍRITO CRÍTICO
Dimensão crítica por uma participação transformadora
O caminho de pensar e agir crítico se faz juntos com as crianças. Meninos e meninas recebem diariamente informações das mais diversas e uma doutrinação que deforma pessoas individualistas, não solidárias, sem esperanças, domesticadas, sem indignação diante da injustiça, competitivas, exploradoras, gananciosas. É preciso trabalhar criticamente o impacto destas influências. O ponto de partida para o trabalho educativo crítico com os meninos e meninas são suas próprias vivencias. Aproveitando os fatos cotidianos e criando situações em que seja necessário tomar posições, decisões pessoais e coletivas, vivenciando refletidamente os conflitos. Se isso for bem feito a formação da consciência crítica contara com um exercício consistente. A capacidade crítica se desenvolve no meio de atividades, de práticas sociais onde as questões emergem e são analisadas juntos com as meninas e meninos. É preciso perguntar sempre; quem? Que interesse tem? Que intenções estão escondidas? Quais as consequências dramáticas que os discursos bonitos querem esconder? Que idéias querem passar? E a serviço de que?
- Crítica da realidade social do mundo contemporâneo
- Conhecer valores na comunidade
- Compreender e ressignificar a realidade
- Ética nas relações Significado paradoxo
CRIATIVIDADE
Metodologia criativa: a arte de gerar a vida
Criatividade não é só fazer coisas diferentes todos os dias. É um jeito de viver, de ver a realidade, de ser gente. Trata-se de uma gravidez: gerar a vontade de criar como expressão do amor, da esperança. A criatividade se desenvolve se o educador (a) abre espaço para a participação, para a expressão de forma espontânea. Será preciso respeitar os ritmos e originalidades de cada um proporcionando uma diversidade de opções, de atividades. Um sabor da criatividade, uma sensação de novidade torna leve e prazerosa toda uma luta de resistência crítica à dominação, toda uma construção e novas relações entre as pessoas. Não se pode deixar de saborear as descobertas e oferecê-las como aperitivos de uma sociedade que já está no ensejo e na vivência de muita gente.
- Comunicação e expressão
- Estímulo à criatividade
- Criatividade e resiliência
- Criticidade e solidariedade
PARTICIPAÇÃO
Dimensão crítica por uma participação transformadora
O reconhecimento da dignidade de uma criança, a presença educativa no drama de seu ambiente de vida e morte, a aventura relacional, a construção da comunidade humana são caminhos que não se percorrem sem um permanente olhar crítico para o que está acontecendo. A introdução da criança como sujeito de direitos na sociedade, carrega consigo a exigência de rever as leis e as estruturas sociais, políticas e econômicas. Ao afirmar a prioridade da criança, afirma-se também o caráter provisório e não-sagrado das instituições sociais. A partir da realidade local e da intervenção transformadora nas questões da escola, transporte, moradia, segurança, saúde, trabalho, a criança e o adolescente irão fazendo uma síntese pessoal e coletiva do que significa lutar organizadamente por uma sociedade que supere as dominações, enfrentando os conflitos. A consciência vai amadurecendo quando o brincar e o fazer puderem lançar luzes para as mudanças necessárias e urgentes. Meninos e meninas crescerão na dimensão crítica participação transformadora, quando a comunidade educativa estiver permeada por um olhar solidário, por uma presença nas lutas concretas e coletivas do povo, por uma conversa que mantém a indignação frente às injustiças e a vibração diante das conquistas dos pequenos. Sempre a partir do cotidiano, e numa dimensão lúdica, desperta-se uma consciência aberta à crítica e autocrítica, e saboreia-se um crescimento onde a rebeldia não é domesticada, mas canalizada de forma construtiva.
- Vivência de grupos
- Organização social e participação na construção
- Mobilização
- Fortalecimento e extensão da cidadania
- Formação e participação política Corresponsabilidade
ESPIRITUALIDADE
Espiritualidade na concretude da vida
A espiritualidade pode ser definida como uma “propensão humana a buscar significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível, à procura de um sentido de conexão com algo maior que si próprio”. Segundo diversas religiões e confissões religiosas, a espiritualidade traduz o modo de viver que busca alcançar a plenitude da sua relação com o transcendental. Cada doutrina religiosa comporta uma dimensão específica a esta descrição geral; mas, no aspecto religioso, pode-se traduzir a espiritualidade como “uma dimensão do homem, enquanto é visto como ser naturalmente religioso, que constitui, de modo temático ou implícito, a sua mais profunda essência e aspiração”. A Pastoral do Menor tem sua espiritualidade definida como “um modo de ser cristão no mundo” que anima a luta por um “novo Céu e nova terra”. Ela se deixa conduzir pelo mesmo espírito de Jesus para inserir-se na trama humana e assumir o risco da história. Mas, a exigência maior para o agente da Pastoral é da vivência de uma espiritualidade tão sólida, que seja capaz se sustentar a própria esperança (Documento 54).
- Celebração da vida
- Gestos de solidariedade
- Acolher e servir
- Espiritualidade e dignidade humana
- Respeito à pluraridade e diversidade de crenças
- Religião e sociedade